Para quem o viveu, o dia 25 de abril de 1974 foi único,
irrepetível. O futuro nascia ali, carregado de promessas e possibilidades.
Lisboa esteve no epicentro dos acontecimentos. À cidade afluíram milhares de
pessoas que queriam ver, participar. A Televisão e os jornais captaram e
difundiram imagens que hoje são relembradas com nostalgia e também com simpatia
pelo entusiasmo colectivo e quase
inocente.
Hoje em Portugal, passados 40 anos da Revolução vemos
pessoas que falam do 25 de Abril de um modo tímido, ou com receio de ferir
susceptibilidades, acerca do passado, e cada vez mais fazem parecer que se está
no 24 de Abril, sobre tudo falam com muito cuidado, mas afinal medo de quê, da
verdade ou da frontalidade com o que de facto se pensa e crê, mesmo correndo o
risco de se estar errado, ligeiramente errado, ou errado de todo? Ou falta-lhes
coragem de defender um regime de exceção ou da desilusão de uma democracia que
parece ter construído uma sociedade que parece que não é para todos igual? Ora
a liberdade de expressão e de pensamento são componentes inalienáveis a uma
verdadeira cidadania, da qual se faz verdadeiramente um pais.
O 25 de Abril veio permitir, tentar corrigir erros, mas
Quarenta Anos depois, os ideais foram esquecidos, as conquistas de Abril
perderam-se e a democracia não chegou a atingir o seu ápice; As gerações
mais novas não lhe dão hoje o devido valor, pois não sabem o sabor da
liberdade, no exato momento em que se a conquistou e não sabem ver nos
sinais mais atuais o perigo de se a perder de novo, sem sequer darmos por isso.
Contudo comemorar Abril, não é comemorar os erros que foram
feitos, comemorar Abril é lembrar que hoje a liberdade é uma responsabilidade
de cada um, como cidadão e que o futuro do nosso país passa indubitavelmente
pela nossa responsabilidade. Sobretudo quando paira sobre a Europa o perigo do
Neofascismo, que cada vez mais ganha força, com discursos racistas, xenófobos e
antissemitas.
Vamos hoje tentar manter vivo o ideal de Abril; da liberdade
da democracia, sem medos e sem receios.
Nuno Santos
Professor de História da EB 23 de Tortosendo
Agrupamento de Escolas Frei Heitor Pinto