Exposição promovida pelo prof. Nuno Santos, Colaborador da Biblioteca! |
O Livro em destaque na Biblioteca:
Sinopse
Tanto como os campos de concentração — com o que implicam de
fome, frio, doença, violência e morte — interessa aqui um desses mundos
pessoais e familiares que o nazismo destruiu, e que é das poucas coisas que tem
cor frente ao cinzento cortante e ao silêncio.
Separação, solidão e
saudade estão omnipresentes; a lembrança ajuda a fugir do isolamento e do
desterro, e dá lugar — no inóspito do campo (lager) — ao amor, à amizade e à
solidariedade: à humanidade, ao fim e ao cabo.
Se toda a violência
está injustificada, a que põe fim à inocência ainda mais; contra ela, no
processo de amadurecimento do protagonista, assistimos a um compromisso até à
fusão com Vadío (única personagem com nome e etnia), que representa o
reconhecimento no outro na catarse final.
O protagonista
anónimo de Fumo descobre a realidade, mas filtra-a com a memória de um passado
melhor. O despertar magoa-o e leva-o a uma aprendizagem rápida: a dureza e
dificuldade da situação, e o instinto de sobrevivência obrigam-no a ser um
menino responsável.
A inocência, mais que
a impotência, marca o desenlace. Os inocentes não sobrevivem, dizia o Primo
Levi; é o preço por ver a luz: a mão de Vadío apagando para sempre o medo e
escrevendo com fumo uma palavra mágica sobre o céu da Polónia.
Uma comovente
história de Antón Fortes com intensas imagens da polaca Joanna Concejo, de
grande sensibilidade e beleza, apesar de reflectir a realidade do protagonista,
que se torna mais dura ao enfrentá-la recorrentemente com lembranças da vida de
onde foi ou foram todos arrancados.
A Personalidade em destaque:
Natural de Cabanas de
Viriato, Aristides de Sousa Mendes, é um dos filhos mais ilustres do Concelho
de Carregal do Sal. Diplomata da época do holocausto nazi, o Cônsul foi, acima
de tudo, um homem generoso, exemplo de coragem e tolerância numa época em que
as directivas do Governo Nacional eram colocadas acima de qualquer imperativo
de consciência. E esse foi, acima de qualquer outro, o motivo que transformou
Aristides de Sousa Mendes numa das grandes figuras do panorama histórico e
político nacional. Através do desfolhar destas breves páginas pretende-se
divulgar, dar a conhecer, de uma forma cativante, o Homem cujo gesto
humanitário salvou a vida a mais de 30 mil pessoas que eram perseguidas pelo
regime de Hitler. Foi este acto que conduziu Aristides de Sousa Mendes e toda a
sua família à miséria. Aliás, o Cônsul faleceu, sozinho, no Hospital da Ordem
Terceira, em Lisboa, no ano de 1954. Mas o seu gesto só muito mais tarde viria
a ser reconhecido. No ano em que lhe prestamos homenagem, quando passa meio
século sobre a sua morte, convidamo-lo a descobrir passagens da sua vida a que
continuam alheios muitos de nós. Aristides da Sousa Mendes, estou em crer,
merece-nos este carinho, este gesto... esta memória!
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